Comentário:
Há um caminho e um nome intangíveis, que não podem ser caminhados nem nomeados e outros que podem ser caminhados e nomeados. Ou seja duas formas de existência, uma intangível e a outra tangível.
No entanto, tudo está constituído pelo mesmo elemento, o "Qì".
O qì é o estado fundamental de existência, é o estado eterno de existência, inacessivelmente grande para as definições limitantes criadas pela mente humana, pelo que não pode ser nomeado.
Quando o qì se acumula se converte em "Forma", matéria.
Mas a Forma tangível (que pode ser caminhada e nomeada) está condenada a desaparecer e retornar ao estado original de qì... por isto não é eterna.
O estado de existência imaterial e eterno, se representa com o símbolo de Wuji, o círculo vazio (embora eu não acredite na existência do vazio :) ). Wuji é o que carece de extremos ou dum eixo central. Uma forma de existência ou uma forma de observar a existência que reflecte a totalidade, sem dividir nenhum fenómeno nem coisa. É o estado simples do qì.
O estado de existência material e efémero, se representa com o símbolo de Taiji, o círculo com 2 “gotinhas”. Taiji é o que possui extremos ou um eixo central, pelo que podemos falar de acima e abaixo, interior e exterior, céu e terra, espírito e corpo. É uma forma de existência ou de observar a existência, concentrando-nos nas duas formas de comportamento básico do qì: acumulação e dispersão, ascensão e descida, expansão e contração... yin e yáng.
No entanto as combinações ou interacções de yin e yáng [que podem ser nomeadas] criam todas as mudanças que conhecemos na natureza ou as 10.000 coisas. Noutras palavras: Qì > yin e yáng > 10.000 coisas.
Os mais familiarizados com estes conceitos, reconhecerão nisto os conceitos de Qì, Liangyi, Sixiang, Wuxing, Bagua, etc.
Quando a mente está sujeita ao desejo e ao temor, divide, permitindo ver o resultado externo das coisas e fenómenos.
Quando está calma, unifica, permitindo perceber a razão eterna e subtil que está no interior de todas as coisas.
No entanto, no mundo da Forma e do tangível (que descansa dentro do mundo do intangível e que ao mesmo tempo contém o intangível) é impossível estar sujeito só a uma destas formas de existência. Mesmo que a nossa mente brincalhona [mente de macaco lhe chamam os Daoistas :) ] queira mostrar o contrário.
Vemos que o tangível e o intangível estão constituídos pelo mesmo elemento, o qì. São a mesma coisa com nomes diferentes. Compreender e aceitar as duas formas de realidade é a porta da compreensão de muitas subtilezas.
Tradução e comentário: Larry Ibarra