terça-feira, 28 de maio de 2013

Retalhos da vida… para nos fazer sorrir…







 
O  exemplo mais concreto pelo qual se pode entender o sábio conceito da Impermanência, é o das nossas próprias paixões.
 
Sejam coisas, profissões, locais, pessoas...com as pessoas o exemplo é mais nítido, mais definido, ainda que possa ser aplicado a qualquer vertente da vida.
 
 


Abrindo uma janela no tempo, assistimos à procissão daquilo ou daqueles que incendiaram o nosso coração e somos submersos por uma caterva de dúvidas, e quem sabe, se pela primeira vez, percebemos o eco repetitivo de conteúdos iguais, em contentores diferentes

O assistente na janela é o observador incólume aconchegado no calor sereno que a alma emana. Olha com afinco, e torna a olhar…mas não vê o que algures na escala do tempo o atraiu…tenta lembrar… seria o olhar, a timidez, a confiança, os saberes, o cheiro, o toque, a voz, o riso, a ternura, a paciência, a gentileza, a bondade, a entrega, a lealdade, a doçura? Onde estão? Se ao estender o olhar pela linha da procissão não vê qualquer altar… deve ser dos olhos cansados pois o tempo não perdoa…

Mas persistente, poem-se em bicos de pés, repreende o olhar (não se arme este em exigente) e volta a perscrutar. E o que vê, mormente, é um todo comum, desconcertante, nas sombras diluídas dos seus amores, santos e heróis…

 - o batedor da tristeza cruza o ar, pede para entrar…

- o ego  lança o engodo e escreve a giz  “tempo perdido “…

- a mente refila, que viste ali? Este, aquele e o outro, onde esconderam as paisagens que meus olhos adoraram?...

Aí…o coração já saturado da discussão resolve intervir…não se desgastem!
Quantos mais proveitos podem tirar se retiverem hoje, e para sempre, que o que no outro te atraiu era apenas um reflexo teu… que os dons que enumeraste são teus… que as graças que partilhaste são tuas…que em espelhos de diferentes tonalidades pudeste expandir os presentes que as tuas fadas te deram ao nasceres – tua herança, teu celeiro, farol cintilante que ilumina o teu retorno ao lar.
Assim como as culturas da terra têm época, assim espalhas sementes em ciclos temporais que germinarão, mais viçosas e fortes, no terreno que vieste cultivar, em mim, teu próprio coração…

Trabalha sem reserva – Entrega sem cautela – Ama sem medida

Sê, Sê, Sê

Os retalhos da vida são como os buracos negros que pululam no cosmos, aparentemente vazios, no entanto repletos de tudo aquilo que precisamos para compor a obra da estrutura psicoafectiva que viemos experimentar

Não há ganhos ou perdas, apenas patamares de compreensão amorosamente aprimorados pela lei da evolução.

 
A.

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Maio


Maio

Maio continua florido, numa antecipação do apogeu de que Junho é rei, o desabrochar das mais tímidas flores e o amadurecimento dos frutos veranegos

Mês duma luz única só comparável aos salões celestes nas noites de vigília, clarifica o que toca, dissolve as sombras das labutas da alma ...tanta magia..
 
E o céu, o céu de Maio é colcha estendida, passado presente futuro, todos os risos todos os nomes todos os ódios e amores, de todos os tempos, nela estão desenhados, presentes, aqui e agora...tudo é hoje...
 
 
Maio
 
 
 
A.

O Campo de Trigo





 
O Campo de Trigo

No campo de trigo as hastes emergem  na busca de bálsamo para as raízes que definham,  sequiosas de luz, contorcidas da dor dos reinos  de Hades,  de que  tentam libertar-se

Maio generoso, preenche com a tua Luz, eternamente, as brechas das mentes que a seca calcinou. No efémero trajecto deste mundo, que possam ver pelo sentir, a brisa da autenticidade, do amor compassivo, dos acordes da vibração espiritual.

 

A.

 

 

 

sábado, 18 de maio de 2013

Verdade


Ao encontro da Verdade, quantas verdades demoram a chegar
 

Pacotes de verdades fiáveis, confortáveis, a preço justo

Respeitáveis suportes de discussões que invalidam razões

Recolhem, por sugestão, acenos de cabeças concordantes

 
Convidadas ao palácio da Verdade, sabem-se retardadas

Fruto mirrado na rama empedernida da árvore da vida

Aquela, que o sol não alimentou nem a poda cativou

 
Em verdade, essas verdades desconfiam da sua verdade

Trincam aqui e ali pedaços de parágrafos bem-falantes

E a sapiência de arautos da verdade feita por medida

 
Fazem parte do séquito do trono do mundo

Carroça que há muito perdeu eixo e roda

Arena onde a Verdade não tem lugar

 

A.

 

18 de Maio 2013

 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Aninha-me...


Aninha-me uma vez mais

no teu olhar de espanto...

não por não saberes...

mas por puro encanto…

 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Toques de Amizade


Sorri, amado amigo

hoje não sorriste enquanto escrevias

e independentemente das letras que juntas

eu sei quando sorris ao escrever para mim
 

Somos tão abençoados tu e eu

aprendemos o significado da distância

do silencio que fala e da solidão que mima

da plenitude da comunhão sacramentada

na aceitação das opções da dor de cada um
 

Dor desafiada no sorriso maquilhado, assimétrico
 

Sorri, amado amigo...preciso do teu sorriso...

para saber que este mar é real

e que nele, não estou só...

 

Eu

7 de Maio 2013

 

 

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Reflexão


"Perdemo-nos demasiadas vezes na vulgaridade do procurar novas paisagens esquecendo que também viver, só será possível na premissa de novos olhares.
Nada está naquilo que desejamos, mas sim naquilo que necessitamos"



Paulo Vieira de Castro