O exemplo mais concreto pelo qual se pode
entender o sábio conceito da Impermanência, é o das nossas próprias paixões.
Sejam
coisas, profissões, locais, pessoas...com as pessoas o exemplo é mais nítido,
mais definido, ainda que possa ser aplicado a qualquer vertente da vida.
Abrindo
uma janela no tempo, assistimos à procissão daquilo ou daqueles que incendiaram
o nosso coração e somos submersos por uma caterva de dúvidas, e quem sabe, se
pela primeira vez, percebemos o eco repetitivo de conteúdos iguais, em
contentores diferentes
Mas
persistente, poem-se em bicos de pés, repreende o olhar (não se arme este em
exigente) e volta a perscrutar. E o que vê, mormente, é um todo comum,
desconcertante, nas sombras diluídas dos seus amores, santos e heróis…
- o
ego lança o engodo e escreve a giz “tempo perdido “…
- a mente refila, que viste ali? Este, aquele e o outro, onde esconderam as paisagens que meus olhos adoraram?...
Aí…o
coração já saturado da discussão resolve intervir…não se desgastem!
Quantos
mais proveitos podem tirar se retiverem hoje, e para sempre, que o que no outro
te atraiu era apenas um reflexo teu… que os dons que enumeraste são teus… que
as graças que partilhaste são tuas…que em espelhos de diferentes tonalidades
pudeste expandir os presentes que as tuas fadas te deram ao nasceres – tua herança,
teu celeiro, farol cintilante que ilumina o teu retorno ao lar.
Assim como as
culturas da terra têm época, assim espalhas sementes em ciclos temporais que
germinarão, mais viçosas e fortes, no terreno que vieste cultivar, em mim, teu
próprio coração…
Trabalha
sem reserva – Entrega sem cautela – Ama sem medida
Sê,
Sê, Sê
Os
retalhos da vida são como os buracos negros que pululam no cosmos,
aparentemente vazios, no entanto repletos de tudo aquilo que precisamos para
compor a obra da estrutura psicoafectiva que viemos experimentar
Não
há ganhos ou perdas, apenas patamares de compreensão amorosamente aprimorados
pela lei da evolução.