Completude
Indiferente a faixas etárias, o amor é o ponto onde convergem
a maior parte das dúvidas, desentendimentos, desarmonias e frustrações, que por
sua vez se alastram a todos os aspectos da vida.
Em resposta a uma questão colocada há dias por um jovem,
abordamos o fulcro de qualquer relacionamento, a comunicação e a veracidade.
As motivações do coração continuam a ser insondáveis para
a maior parte dos seres, no entanto, são sempre baseadas na necessidade de
aprendizado e superação do nosso estatuto consciencial.
O amor a dois é o maior teste que nos é dado vivenciar, e
dele podemos obter nota positiva, apenas quando vivido na veracidade interior
de ambas as partes.
Um relacionamento é feito de dádiva, e aceitação.
Dádiva – Apenas quando o amor existe em nós
podemos partilhá-lo com outro, ninguém pode dar (partilhar) o que não tem.
Aceitação – Todo relacionamento
baseado na perspectiva de que podemos ou devemos mudar o outro está condenado á
partida. O “modelo” por nós idealizado é o estereótipo impresso no nosso
racional por estigmas sociais, dependências emocionais, vivencias traumáticas.
Nós, não temos que mudar ninguém, excepto a nós próprios,
se pela auto – análise concluirmos essa necessidade.
Assim, e mais ainda num relacionamento a dois, o
auto-conhecimento individual é fundamental.
Quando dois seres cruzam os seus caminhos, é precisamente
na diferença de conceitos e posturas, que cada qual vai buscar os preciosos
sedimentos com que se constroem os degraus da tolerância, da flexibilidade, da
compreensão.
Quando o ciúme, a rigidez, o julgamento alheio, se tornam
cerceadores da expressão das facetas pessoais, da afectividade, dos sonhos
individuais, corroemos a raiz antes da planta florescer.
A liberdade de cada ser não é negociável, nem deve ser moeda
de troca para a “harmonia” de qualquer relacionamento, isto, seria podar os
ramos quando a planta está a florir.
A comunicação aberta, leal, é a ponte que transpõe
qualquer diferença.
O respeito para com as escolhas e opções que fizemos, é o único
suporte para a estabilidade duma relação.
Dentro desse círculo de auto-respeito, cada qual deve ser
árvore em crescimento, cuja seiva é alimento para a alma companheira, cuja copa
pode ser sombra para quem dela precisar.
Queridos amigos, ninguém é metade (meia-laranja) de
ninguém! Se assim fosse, seriamos eternamente seres incompletos…
Cada um de nós é em si mesmo, um arco-íris pleno de cor,
sem princípio nem fim.
Pelos caminhos da vida, por vezes deparamos com a
raríssima possibilidade de vermos um duplo arco-íris. Percursos paralelos, que
nos indicam que o horizonte não acaba ali, e cuja função, é serem farol que
trespassa a densidade das almas em procura.
A.