quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ler – Falar – Escutar – em diagonal……




 

Advirto-te, sejas quem fores…
Tu, que desejas sondar os arcanos da Natureza.
Se não encontras dentro de ti aquilo que procuras…
....tampouco o poderás encontrar fora.
Se ignoras as excelências da tua própria casa,
como poderás encontrar outras excelências?
Em ti se encontra oculto o tesouro dos tesouros!
Homem! Conhece-te a ti mesmo
e conhecerás o Universo e os Deuses.

Tales de Mileto (640 - 550 a .C.) Filosofo –

Matemático – Fundador da Escola Jónica

 

O título desta entrega, representativo da postura de muitos seres tem como resultado, o tracejado da vida, e o desnorteamento de muitos milhões de pessoas.

Vivemos tempos de mudança acentuada, em que crescem: o medo, a insegurança, e em que mingam: a paz interior, a compaixão, e principalmente, a liberdade. Nunca, em época alguma, existiu tão acentuada escravidão, primorosamente camuflada, abrangente a todas as classes sociais e a milhões de pessoas, da qual o ciclo anual que se aproxima é escancarado exemplo.

O conceito Pessoano de que ignorância é sinonimo de inocência, é inocente em si mesmo, mas desajustado dos tempos actuais.

A real postura de inocência apenas perdura numa Irmandade dinâmica e participativa mas totalmente altruísta, nossa meta a alcançar.

Com meios informativos invasivos e de livre acesso (livres, mas não inocentes), conhecem-se aprimoradamente os enredos das telenovelas, a vida privada dos craques de futebol e das estrelas de cinema, as receitas para se tornar belo e sedutor, as fórmulas para enriquecer…..No entanto, todos estes “conhecimentos”, são apenas a ilusão momentânea de anseios subvertidos da essência da nossa missão de vida.

Nesta escola (Terra) de alunos que somos todos nós, muitos Seres passaram de formandos, a formatados, advindo daí as graves sequelas que afligem os seus campos holísticos, desde o físico ao emocional, o psíquico e o mental.

Neste clima de nevoeiro cerrado, onde se percepciona a ansiada luz (nossa procura fundamental), são muitos os atalhos que se trilham, não por inocência….mas por profundo egoísmo….

Busca-se o caminho fácil, os óraculos, as sortes, os milagreiros, paga-se para se ouvir, aquilo que o ego quer ouvir…

Esse mesmo ego que analisa e barra toda informação que chega até nós quando esta não se coaduna com as directrizes já formatadas no nosso corpo emocional. Mas que por vezes, seria essa informação rejeitada que traria as respostas tão procuradas.

Assim, e com a desgastada desculpa de falta de tempo, lê-se pouco, e quando se faz, é em diagonal…

- limita-se o campo expansionista da consciência

- recorta-se a paleta de opções de escolha

- auto - cerceia-se a  liberdade

- promove-se a ignorância  

Ao restringirmos a absorção de conhecimentos àqueles onde o ego se define e realiza, entramos na mais completa submissão à “formatação” materialista, tirania silenciosa que grassa pelo mundo.

Demos voz, à Voz da Alma...

No falar, o “diagonal” é moda! Numa dialéctica condensada de factores abstractos de descomprometimento que visa apenas, a integração mundana e profissional.
Esta postura alarga-se ao plano afectivo e emocional, onde o orgulho, o medo, o preconceito, se tornam factores de desqualificação de prova antes da partida, iniciamos a prova com o resultado viciado, não pelo que realmente somos ou sentimos, mas pelo que nos queremos fazer ser, ou parecer.

Rencontremos a capacidade de ouvir, com o coração….

No ouvir, a na maioria  dos casos esta postura repete-se…do outro, só se capta a deixa que permita falar da própria pessoa…de novo, a premência da valorização e da aceitação do ego, tornam-se barreira de audição.
Aprofundar a capacidade de ouvir torna-se uma benção para todos os intervenientes dado que todos somos mediadores entre o Céu e a Terra, e mensageiros uns para os outros. Qualificar o ouvir ( sem julgamento ou reacção egocentrica) é um dos mais sensíveis  ramais da compaixão.

Queridos Amigos somos emissores e receptores da voz da Consciência Suprema, como célula indivisa, somos a cada momento, o resultado tão só, e apenas, daquilo que emitimos.

Que a nossa intuição nos liberte das amarras limitadores do ego, do medo, e da dependência alheia.... Que pelo trabalho, o estudo, a interiorização, a meditação, possamos reencontrar as vias do conhecimento, e este pauta-se por um hino com dois mil anos “ ama a cada um dos teus irmãos como te amas a ti mesmo”....e que o amar se torne obra....

Podemos assim, adquirir os meios a usar noutra “Grande Obra” alquímica, que é a actual encarnação, que por sua vez nos eleve a uma autêntica vida integrada entre a matéria (impermanente ) e o espírito (perene)

Que o ouvir e o falar, possam voltar a revestir-se da sacralidade  devida, pela veracidade da alma, pelo sentir do coração. Ferramentas de amparo, de partilha, que estejam e sejam, a cada momento, revestidas de Veracidade e Amor.

 Abraço fechado,

A.