No trabalho, na família,
na escola, na amizade e até no amor, a competição tornou-se numa névoa que a
tudo premeia e envolve.
A competição adquiriu as
características de um vírus mutante, destruidor, que limita o saudável
crescimento das raízes humanistas do homem.
Esta toxina ou veneno
que é o significado da palavra vírus, está tão disseminado nas suas variantes
(mutações) que se integrou no nível celular do seu hospedeiro, o ser humano.
"Divide et
regna" – dividir para reinar, o
lema dos aguerridos Macedónios é a estratégia oculta da competição.
A apologia desta forma
de estar e ser, é comum nos meios onde se pretende atingir um determinado fim,
através do uso e abuso das apetências ou fraquezas, de outro, ou outros seres
humanos.
São muitos os que acreditam que a
competição é factor determinante para o desenvolvimento civilizacional, “que a
humanidade nunca chegaria onde está hoje sem o estimulo da competição”….
Queridos amigos…mas,
aonde é que chegou a humanidade?...Em que espelho podemos reflectir o nosso
olhar e sentirmo-nos participantes dum sistema civilizacional evoluído, justo,
igualitário, compassivo, fraterno?
- A poderosa industria
das armas (da qual são beneficiários directos muitos dos dirigentes mundiais)
promove por todos os abjectos meios, a discórdia entre povos, a avareza, o medo
infundado, a falsa informação (que outra poderosa força, os media, dissemina),
promovendo o ódio racial e interesses subjacentes que levem à guerra – e devido
a isso milhões de pessoas vivem em atroz sofrimento, a que outros tantos
milhões assistem sem reacção.
Quantos outros exemplos
poderiam ser aqui retratados, mas a intenção destas referências, é apenas o
alerta.
A mensagem subliminar
que dá força a todos estes poderes é a competição, seja na sua faceta directa,
seja na sua faceta indirecta.
Na sua faceta directa ou
exposta, utilizada pelo grupo social onde o ser está inserido temos por
exemplo:
- A apologia da guerra
(cujas verdadeiras motivações estão sempre camufladas)
- As arenas, chamados
estádios desportivos, onde diariamente se plasmam as emoções mais básicas e
menos positivas do ser humano
- A luta desregrada pelo
reconhecimento profissional ou poder aquisitivo. Neste caso, reparem que a
competitividade exacerbada promoveu a área industrial e tecnológica a patamares
de autonomia em desfavor do próprio homem e à sua dispensação das áreas
laborais.
A outra faceta da
competição, a indirecta, mas não menos nociva, é aquela que começa no
pré-escolar e dentro do seio familiar, onde se insere nas personalidades em
formação, desde a mais tenra idade, não o sentido da cooperação, mas o da
competição.
O vírus, o veneno, vai
sendo absorvido no seio familiar, nos infantários, nas escolas, onde o
desenvolvimento, a percepção e a sensibilidade da criança vai estar
constantemente a ser posta à prova. Pelo processo de comparação com os “feitos”
dos outros, a criança – adolescente, futuro adulto, vai perceber, que a sua valorização
não depende de que dê o seu melhor, mas sim que ultrapasse o outro!...a
qualquer custo….
Num sistema de ensino
massificado, sem qualquer respeito pela diferença natural das aptidões de cada
um, criamos o “bom” e o “mau”, carimbo que muitos seres
adquirem quase ao nascer e que vai moldar carácter e auto-estima.
E assim, e em muitos
casos, a bondade natural é substituída pela crueldade
A auto-aceitação e
estima é substituída pela rebeldia e desrespeito pelos outros.
A harmonia em todos os
campos do Ser é abalada, por vezes, de forma irreparável.
Em variedade de
mutações, o vírus da competição vai modelando guerreiros em duelos sem glória.
A obra é grande,
premente, em que cada mão, saber, mente, coração, tem o seu lugar e função, que
apenas se poderá concretizar, numa simbiose perfeita, manifestada pela
cooperação.
A.