segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cooperação Versus Competição – Parte I




 No trabalho, na família, na escola, na amizade e até no amor, a competição tornou-se numa névoa que a tudo premeia e envolve.

A competição adquiriu as características de um vírus mutante, destruidor, que limita o saudável crescimento das raízes humanistas do homem.

Esta toxina ou veneno que é o significado da palavra vírus, está tão disseminado nas suas variantes (mutações) que se integrou no nível celular do seu hospedeiro, o ser humano.

"Divide et regna" – dividir para reinar, o lema dos aguerridos Macedónios é a estratégia oculta da competição.

A apologia desta forma de estar e ser, é comum nos meios onde se pretende atingir um determinado fim, através do uso e abuso das apetências ou fraquezas, de outro, ou outros seres humanos.

São muitos os que acreditam que a competição é factor determinante para o desenvolvimento civilizacional, “que a humanidade nunca chegaria onde está hoje sem o estimulo da competição”….

Queridos amigos…mas, aonde é que chegou a humanidade?...Em que espelho podemos reflectir o nosso olhar e sentirmo-nos participantes dum sistema civilizacional evoluído, justo, igualitário, compassivo, fraterno?

- A poderosa industria das armas (da qual são beneficiários directos muitos dos dirigentes mundiais) promove por todos os abjectos meios, a discórdia entre povos, a avareza, o medo infundado, a falsa informação (que outra poderosa força, os media, dissemina), promovendo o ódio racial e interesses subjacentes que levem à guerra – e devido a isso milhões de pessoas vivem em atroz sofrimento, a que outros tantos milhões assistem sem reacção.

Quantos outros exemplos poderiam ser aqui retratados, mas a intenção destas referências, é apenas o alerta.

A mensagem subliminar que dá força a todos estes poderes é a competição, seja na sua faceta directa, seja na sua faceta indirecta.

Na sua faceta directa ou exposta, utilizada pelo grupo social onde o ser está inserido temos por exemplo:

- A apologia da guerra (cujas verdadeiras motivações estão sempre camufladas)

- As arenas, chamados estádios desportivos, onde diariamente se plasmam as emoções mais básicas e menos positivas do ser humano

- A luta desregrada pelo reconhecimento profissional ou poder aquisitivo. Neste caso, reparem que a competitividade exacerbada promoveu a área industrial e tecnológica a patamares de autonomia em desfavor do próprio homem e à sua dispensação das áreas laborais.

A outra faceta da competição, a indirecta, mas não menos nociva, é aquela que começa no pré-escolar e dentro do seio familiar, onde se insere nas personalidades em formação, desde a mais tenra idade, não o sentido da cooperação, mas o da competição.

O vírus, o veneno, vai sendo absorvido no seio familiar, nos infantários, nas escolas, onde o desenvolvimento, a percepção e a sensibilidade da criança vai estar constantemente a ser posta à prova. Pelo processo de comparação com os “feitos” dos outros, a criança – adolescente, futuro adulto, vai perceber, que a sua valorização não depende de que dê o seu melhor, mas sim que ultrapasse o outro!...a qualquer custo….

Num sistema de ensino massificado, sem qualquer respeito pela diferença natural das aptidões de cada um, criamos o “bom” e o “mau”, carimbo que  muitos seres adquirem quase ao nascer e que vai moldar carácter e auto-estima.

E assim, e em muitos casos, a bondade natural é substituída pela crueldade

A auto-aceitação e estima é substituída pela rebeldia e desrespeito pelos outros.

A harmonia em todos os campos do Ser é abalada, por vezes, de forma irreparável.

Em variedade de mutações, o vírus da competição vai modelando guerreiros em duelos sem glória.

A obra é grande, premente, em que cada mão, saber, mente, coração, tem o seu lugar e função, que apenas se poderá concretizar, numa simbiose perfeita, manifestada pela cooperação.

 
 

A.