quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Saudade


Saudade

Como a cada amanhecer, faça chuva ou faça sol o chilreio insistente fez-me olhar a arvorezinha singela que ali bem defronte da minha janela, se tornou assistente privilegiada da minha fonte.

E lá estavam elas, as avezinhas… melros, rolas, passarinhos, numa miscelânea de formas e feitios, como sempre, fitavam a janela.

Saudei-os, e os pios intensificaram-se, balouçaram os ramos numa dança concertada, distenderam as asas com graça e rumaram à descoberta das cores do Céu deste dia.

E a palavra surgiu, saudade…sentimento que conforme a pessoa que o emite, é muitas vezes expresso por outras palavras e expressões…

Só podemos ter saudade daquilo que já fizemos, mas se já fizemos, porquê sentir saudade?

A nossa Alma faz o percurso da descoberta, pela experiencia, pelas vivencias…e em cada uma, e de cada uma, retira a pérola, única no seu valor, componente da jóia final do nosso percurso de vida.

O que nos faz sentir saudade, é que a maior parte das vezes não estamos inteiros na vivencia, seja pelo apelo dos sentidos, pela falsidade da postura, pelo distanciamento formado pelo julgamento e pelo preconceito, pelo medo que se tem dos próprios sentimentos, e por muitas outras e diversas razões.

Mas a Alma, essa é livre de todos esses condicionamentos. Apenas uma certeza a move que por sua vez é a sua razão de existência, ou seja a necessidade da vivencia, e aí, como um perfume mais ou menos intenso, instala-se a saudade.

Saudade, que por vezes vem de longe, de paragens que os sentidos comuns não conseguem ainda acessar, e nestes casos devemos entregar ao Céu, consagrar a partícula divina que está em tudo, e aceitar, a paz interior que toda compreensão acarreta.

Os pássaros voltaram…numa alegria contagiante dão graças pela vida nova que cada novo dia lhes concede em novos reconhecimentos de caminhos para o Céu.

Que o Amor Superior inunde todos os campos do ser integral para que possamos despedir a saudade.



A.

29 de Fevereiro de 2012