“ Só há um princípio motor: a faculdade de desejar”
Aristóteles
Vamos reflectir sobre esta palavra tão maltratada, incompreendida e quantas vezes conotada com perversidade, ou estados viciosos.
Antes de mais, devemos desfocar-nos daquela que é a expressão mais utilizada “desejo sexual”.
A valorização deste aspecto do desejar tem tanto de ignorância como de limitativo, no entanto serviu o objectivo dos poderes vigentes, de denegrir, o conceito de “desejo”.
Queridos amigos, o desejo é a energia que, entre muitas outras coisas, promove:
- o fazer - o mudar - o aprender - o expandir - o crescer - o superar, (até ao próprio desejo quando este se torna desbalanceado).
Desejar não pressupõe carência ou necessidade, foi e é, o campo onde o homem pode exercitar o gatinhar, o caminhar, o voar.
Toda acção que emitimos, desde a mais ínfima à mais grandiosa, está baseada num desejo.
Sem este, seríamos os autómatos duma programação existencial, onde o livre arbítrio não faria qualquer sentido.
A fobia do desejar, bastante fomentada actualmente por algumas linhas filosóficas, está baseada, apenas, na errada e descontextualizada interpretação dessas mesmas filosofias.
Meus queridos, tal como as emoções devidamente entendidas e canalizadas, o desejo é para ser percebido, qualificado e vivenciado, pelos parâmetros que o nosso Espírito vai delineando.
A experiência, continua a ser a razão de cada encarnação, o desejo é a locomotiva, e a expansão consciencial é o bom condutor, que a conduz a outros, e mais elevados patamares dimensionais.
A dependência ou independência individual, não depende do quanto, e do que se deseja, mas sim de aprender a conhecer, a fronteira onde o desejo nos impulsiona, ou onde nos oprime. Ou mais ainda, onde nos aprisiona na inércia, pelo medo…de desejar…
Que força interior senão o desejo, nos faz estudar, partilhar saberes, colaborar, superar facetas, ser prestativo, ser amigo, ser mais SER a cada dia?....
“ A medida de uma Alma, é a dimensão qualitativa dos seus desejos”
Gustave Flaubert
A.